Como Médicos Podem Pagar Menos Imposto Abrindo uma Empresa [Guia Prático]

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Abrir empresa como médico pode cortar seus impostos pela metade — ou mais

Você atende pacientes, faz plantão, corre entre clínicas e hospitais. Mas talvez esteja deixando uma parte grande do seu faturamento na mesa — ou melhor, nas mãos do governo.

A maioria dos médicos paga até 27,5% de imposto de renda como pessoa física. Mas ao abrir uma empresa, esse valor pode cair para 10%, 11% ou até menos, dependendo do regime tributário e da sua estrutura de faturamento.

O melhor? Tudo isso é legal, seguro e permitido pela Receita Federal — desde que feito da forma certa.

Neste guia prático, você vai entender:

  • Quando vale a pena abrir CNPJ como médico;
  • Qual o melhor tipo de empresa para sua atividade;
  • As diferenças entre Simples Nacional e Lucro Presumido para médicos;
  • E como começar sem complicações jurídicas ou tributárias.

Vale a pena abrir CNPJ como médico?

Na maioria dos casos, sim — e muito.

Médicos que atuam como pessoa física pagam até 27,5% de Imposto de Renda, além de INSS sobre o pro labore e contribuições adicionais. Já como pessoa jurídica, é possível reduzir drasticamente a carga tributária com enquadramentos corretos e planejamento tributário eficiente.

Essa economia acontece porque empresas podem:

  • Escolher regimes mais vantajosos, como o Simples Nacional ou Lucro Presumido;
  • Deduzir despesas operacionais permitidas por lei;
  • Otimizar a remuneração via distribuição de lucros (isenta de IR para o sócio).

Além disso, com CNPJ o médico ganha:

  • Mais credibilidade com clínicas e hospitais (muitos preferem contratar PJ);
  • Acesso facilitado a empréstimos, crédito e planos empresariais;
  • Liberdade para crescer, contratar e expandir com segurança jurídica.

Apenas quem atende de forma muito pontual ou tem rendimento muito baixo pode não se beneficiar tanto. Mas na maioria dos casos, abrir uma empresa médica é uma decisão financeira inteligente — e totalmente legal.

Pessoa Física ou Jurídica: o que compensa mais para médicos?

Vamos direto ao ponto: atuar como pessoa física pode fazer você entregar até 27,5% do seu faturamento para o governo — todo mês.
Já como pessoa jurídica, com o enquadramento certo, esse percentual pode cair drasticamente — em alguns casos, para menos da metade.

💡 Use o simulador abaixo e veja, na prática, quanto imposto você pagaria em cada regime — e quanto poderia estar economizando agora:


Simulador de Tributação Médica

R$
R$

Simples Nacional


Total de Impostos Mensal

Encargos Trabalhistas

Lucro Presumido


Total do Imposto Mensal

Encargos Trabalhistas

Para fins de cálculo: COFINS: 3% | PIS: 0,65% | ISS: 5%

Regime Tributário Benéfico


Economia Mensal

Economia Anual

Qual o Tipo de Empresa Ideal para Médicos?

Após entender as vantagens de atuar como pessoa jurídica, a pergunta mais importante é: qual é o tipo de empresa mais vantajoso para médicos que prestam serviços?

A resposta, na maioria dos casos, é a Sociedade Limitada Unipessoal (SLU).

O que é a SLU e por que ela funciona para médicos?

A SLU é uma modalidade empresarial que permite a existência de um único sócio, mantendo as características de responsabilidade limitada — ou seja, seus bens pessoais ficam protegidos contra dívidas da empresa (desde que não haja fraude ou má gestão).

Ela foi criada para substituir de forma mais eficiente a antiga EIRELI, e hoje é a estrutura mais usada por médicos autônomos que querem abrir CNPJ sozinhos, sem necessidade de sócios ou investidores externos.

Por que a SLU é melhor que abrir como MEI ou LTDA tradicional?

Médicos não podem ser MEI: essa modalidade não aceita atividades médicas, então já está fora do jogo.

LTDA com dois ou mais sócios exige mais burocracia e geralmente é usada quando há associação entre médicos, como em clínicas.

A SLU permite simplicidade e autonomia: o médico abre a empresa no seu nome, tem controle total e pode escolher o regime tributário mais vantajoso.

Segurança jurídica e proteção patrimonial

A SLU é registrada como sociedade limitada, o que significa que o capital social da empresa responde pelas obrigações legais — não o seu patrimônio pessoal.

Em termos práticos, isso significa que em caso de processo, dívidas tributárias ou contratuais, a empresa é a responsável legal, não o médico enquanto pessoa física. Essa é uma proteção valiosa para qualquer profissional liberal.

SLU serve para qualquer médico?

Sim, a SLU serve tanto para:

  • Médicos que atuam como autônomos, prestando serviço para hospitais e clínicas;
  • Quanto para quem tem consultório próprio;
  • E também para quem faz atendimentos particulares, cirurgias, perícias, etc.

Inclusive, clínicas pequenas com um único proprietário podem ser registradas como SLU.

Resumo:

Tipo de empresaPode ter 1 sócio?Protege bens pessoais?Serve para médicos?Regime tributário compatível
SLU✅ Sim✅ Sim✅ SimSimples Nacional ou Presumido
LTDA tradicional❌ Não (mín. 2 sócios)✅ Sim✅ SimSimples Nacional ou Presumido
MEI✅ Sim✅ Sim❌ NãoNão aplicável

👉 Em resumo: se você é médico e quer abrir sua empresa com autonomia, simplicidade e proteção legal, a SLU é o melhor caminho.

Como Abrir uma Empresa Médica: Passo a Passo Legal

Agora que você entendeu por que atuar como pessoa jurídica é vantajoso e qual é a estrutura ideal, vamos ao que interessa: como colocar isso em prática.

Abrir uma empresa médica é mais simples do que parece — especialmente se você tiver o suporte certo. Abaixo, está o passo a passo legal para formalizar sua empresa e começar a emitir notas fiscais dentro da lei:

Definição da atividade e código CNAE

O primeiro passo é definir corretamente o tipo de serviço que será prestado. A escolha do CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) é fundamental, pois impacta diretamente no regime tributário e nas obrigações fiscais.

Exemplo comum para médicos: 86.30-5/03 – Atividades de profissionais da área de saúde, exceto médicos.
Mas o correto varia conforme a especialidade e forma de atuação.

Importante: se o CNAE for mal escolhido, o médico pode cair em um anexo tributário desfavorável.

Escolha do regime tributário

Com base no CNAE e no perfil do negócio, é feita a opção entre os regimes:

  • Simples Nacional (se elegível e vantajoso)
  • Lucro Presumido
  • Lucro Real (raramente usado por médicos autônomos)

Isso será definido no momento do registro da empresa, com apoio do contador.

Elaboração do contrato social ou ato constitutivo

Para uma SLU, é elaborado um ato constitutivo — um documento que define a atividade, capital social, endereço, nome empresarial e demais regras do funcionamento da empresa.

Esse documento é assinado digitalmente e será registrado na Junta Comercial do estado.

Registro na Junta Comercial

Com o ato constitutivo pronto, faz-se o protocolo de abertura na Junta Comercial do estado onde a empresa atuará. Após análise, a empresa recebe o NIRE (Número de Identificação do Registro de Empresa).

Emissão do CNPJ

Após a aprovação na Junta, a empresa é automaticamente registrada na Receita Federal, que emite o CNPJ.

Esse passo é automático, rápido e 100% digital.

Inscrição municipal e alvarás (se necessário)

Para emitir nota fiscal de serviços médicos, é preciso ter inscrição municipal ativa junto à prefeitura da cidade onde a empresa está registrada.

Em alguns casos (como consultórios), também será necessário alvará de funcionamento ou licenças sanitárias — isso depende da estrutura e do município.

Acesso ao emissor de nota e regularização fiscal

Por fim, o contador habilita sua empresa nos sistemas de emissão de notas fiscais (NFS-e) e garante que ela esteja regular com todas as obrigações iniciais: DAS, impostos, livro caixa, pró-labore etc.

Resumo:
Você pode abrir uma empresa médica totalmente legalizada em poucos dias com apoio profissional. O processo é digital, seguro e permite que você passe a emitir notas fiscais com menor carga tributária e muito mais controle financeiro.

Quanto Custa Abrir uma Empresa Médica?

Essa é uma dúvida comum entre médicos que pensam em se formalizar como pessoa jurídica: abrir uma empresa custa caro? A boa notícia é que o custo inicial costuma ser acessível — especialmente quando comparado à economia tributária que a formalização proporciona.

Vamos dividir os custos em dois grupos: custos de abertura e custos de manutenção mensal.

Custos para abrir a empresa

Os valores podem variar de acordo com o estado, a cidade e o tipo de estrutura (com ou sem sede física), mas os principais itens são:

ItemFaixa de valor (estimativa)
Honorários contábeis para aberturaR$ 600 a R$ 1.500
Taxas da Junta ComercialR$ 150 a R$ 300
Certificado Digital (e-CPF ou e-CNPJ)R$ 150 a R$ 250
Alvará/Inscrição municipal (se necessário)R$ 0 a R$ 300

Total aproximado: de R$ 900 a R$ 2.300 para abrir a empresa com segurança e legalidade.

Esse valor costuma se pagar rapidamente com a economia gerada em poucos meses de operação.

Custos mensais de manutenção

Depois de aberta, a empresa médica passa a ter obrigações mensais mínimas, mesmo se não tiver faturamento. Os custos médios são:

ItemValor estimado mensal
Honorários contábeisR$ 800 a R$ 1.500
Tributos (Simples ou Presumido)Varia conforme faturamento
Pró-labore + INSSConforme definido (ex: R$ 1.600 a R$ 2.000)

Importante: a maior parte desses valores não é custo adicional, mas sim uma substituição do que o médico já pagaria como pessoa física (como IR e INSS).

Conclusão prática:

Você não precisa de um grande investimento para formalizar sua atuação médica. Com menos de R$ 3.000 é possível abrir uma empresa com respaldo jurídico e tributário, começar a emitir notas fiscais e, o mais importante: parar de perder dinheiro com impostos desnecessários.

Na prática, muitos médicos recuperam esse investimento em 1 ou 2 meses de operação como PJ.

ItemValor estimado mensal
Honorários contábeisR$ 800 a R$ 1.500
Tributos (Simples ou Presumido)Varia conforme faturamento
Pró-labore + INSSConforme definido (ex: R$ 1.600 a R$ 2.000)

Erros Comuns ao Abrir Empresa como Médico — e Como Evitar

Abrir uma empresa médica pode ser um divisor de águas na sua vida profissional. Mas como em qualquer decisão estratégica, existem armadilhas que podem custar caro — em impostos, em tempo e até em segurança jurídica.

Abaixo, você confere os erros mais frequentes cometidos por médicos ao se formalizarem, e como evitá-los desde o início com uma estrutura correta:

Escolher o tipo errado de empresa

Muitos médicos tentam abrir MEI, mas a atividade médica não é permitida nesse regime. Outros optam por LTDA com sócio apenas para “cumprir a exigência”, sem saber que a SLU (Sociedade Limitada Unipessoal) já resolve isso com muito menos burocracia.

Evite assim: opte por SLU — ideal para quem quer atuar sozinho, com proteção patrimonial e possibilidade de se enquadrar nos melhores regimes tributários.

Definir o CNAE incorreto

A escolha errada do código de atividade pode gerar uma tributação mais pesada, ou até a exclusão do Simples Nacional.

Evite assim: consulte um contador com experiência em empresas médicas. Um CNAE bem definido pode ser a diferença entre pagar 10% ou 15,5% de imposto.

Não planejar o pró-labore corretamente

Muitos médicos se preocupam apenas com o valor do imposto e esquecem do planejamento do pró-labore, que afeta o fator R, o INSS e até o IRRF.

Evite assim: defina um pró-labore estratégico, que equilibre economia com contribuição previdenciária adequada, e que ajude a manter sua empresa no Anexo III do Simples, se for o caso.

Não separar a conta pessoal da conta da empresa

Misturar as finanças pessoais com as da empresa é um erro comum e perigoso. Pode causar problemas de controle financeiro, tributário e até jurídicos, principalmente em caso de fiscalização.

Evite assim: abra uma conta PJ, defina seu pró-labore e distribua lucros legalmente. Isso ajuda a manter a empresa saudável e o patrimônio protegido.

Fazer tudo sozinho

Tentar abrir e gerenciar a empresa médica sem ajuda profissional pode parecer economia, mas costuma sair caro. O risco de errar na escolha do regime, no enquadramento, ou de atrasar obrigações fiscais pode trazer multas e dores de cabeça.

Evite assim: conte com uma assessoria contábil especializada em médicos. Isso garante que você tenha mais tempo para focar no que realmente importa: sua profissão e seus pacientes.

Considerações Finais — E Como a DLG Pode Te Ajudar

A decisão de abrir uma empresa médica não é apenas uma formalidade burocrática — é uma estratégia financeira e profissional que pode transformar a forma como você lida com sua carreira, seu dinheiro e seu tempo.

Médicos que atuam como pessoa jurídica, com estrutura correta e planejamento tributário, conseguem:

  • Reduzir drasticamente a carga de impostos;
  • Emitir notas fiscais com segurança;
  • Proteger seu patrimônio pessoal;
  • E se posicionar de forma mais profissional no mercado.

Mas como em qualquer passo importante, o acompanhamento certo faz toda a diferença.

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